O programa de reportagens da SIC, "Momentos de mudança" está realmente bem feito. Gosto dos temas e da forma como são tratados. Em cada minuto de cada peça descortina-se várias vezes a palavra "mudança", desde o primeiro, até ao que vi hoje essa tem sido a palavra de ordem, mudança. Mudar o preconceito, a mentalidade, a casa, o trabalho, as ideias, a forma de encarar o mundo, o outro. Mudar. E é isso mesmo que todos precisamos, mudar. Na reportagem de hoje isso foi evidente a cada palavra proferida pelo Miguel Gonçalves. Há quem o critique, que se limite a rir à farta com a descontração dele e com o ar de "provinciano". Há quem ouça, quem respeite e quem acate. Eu sou do segundo grupo e no que toca ao primeiro também acho que tem um ar de "provinciano" e isso agrada-me imenso, no final de contas não passamos todos disso mesmo, "provincianos", mas ele com muita classe e vontade.
Concordo com muito do que ele diz, com a ideia de que só é geração à rasca aquela que realmente se esfalfa a trabalhar e sobretudo a fazer pela vida, a outra (grande) parte não sabe o que diz, porque "quem está à rasca são os pais", como disse o Miguel. Acredito que muito do que falta nesta geração é o espírito de sacrifício e a VERDADEIRA vontade de procurar as coisas. Há um comodismo exacerbado, um "deixa-te estar que o trabalho vem-te bater à porta" que me causa espécie, há um facilitismo na garra que me dá algum medo. Como é que querem ter um trabalho se só procuram empregos? Como é querem ser alguém se já pensam que o são dos seus altos (ou baixos) conhecimentos? Já não há humildade, como dizia um na peça de hoje "eu quero ser gerente de uma empresa" e eu estou como o Miguel "eu quero ser o presidente dos Estados Unidos". Eu, por exemplo, adorava ter um trabalho com uma remuneração acima dos 500€, pois gostava, mas para já quero mesmo é aprender, tornar-me melhor e competitiva, quero ganhar agora 500 e daqui a uns anos ganhar 1500, porque assim o consegui. O que falta, em muitos casos, é arregaçar as mangas, pôr mãos à obra e agarrar as oportunidades. É não desistir e procurar nos sítios mais improváveis, apostar nas candidaturas espontâneas e nos modelos de currículo ou cartas de apresentação inovadoras, inteligentes e que mostrem capacidades e não mais um entre tantos.
Se é fácil? Não é. Eu, por exemplo, consegui. Fui escolhida entre vários candidatos pela minha carta de apresentação, que cativou e que mostrou alguma coisa de diferente, algo que poderia trazer mudanças para mim e para a empresa. Lá está, mudança. A verdade é que desde aí tudo tem mudado e tenho aprendido tanta, mas tanta coisa, que sinto todos os dias que sou "burra". E na verdade somos todos, não temos ideia daquilo que ainda temos para aprender e que o nosso nariz tem de aprender a andar mais baixo. Deixar de ser medricas e conformistas. Deixar a zona de conforto e atirarmos-nos, literalmente, aos leões.
Ninguém me garante que continue onde estou, mas também ninguém me vai tirar a certeza de que vou continuar, todos os dias, a dar mais, a mostrar que a minha presença e o meu trabalho são fundamentais, porque é isso que as empresas querem, pessoas imprescindíveis, não é insubstituível, porque isso todos somos, substituíveis, agora imprescindíveis e fundamentais é outra coisa. Todos os dias milhares de pessoas estão atrás de nós para nos tomarem o lugar, todos os dias se formam pessoas que podem a qualquer atura atirarem-nos para o desemprego, e aí entra a nossa capacidade de diferenciação, de luta e de demonstrar valores e mais valias.
Mudança amigos, mudança. É disso que se trata. Mudar de caminho, essa de traçar metas sem possível desvio já deu o que tinha a dar...
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